Análise L.A. Noire - Espaço Gamer [03]


Análise feita pelo nosso amigo Otávio Fernandes de Salvador - BH. Twitter: @_otaviofqueiroz


Primeiro, é importante destacar que L.A. Noire não é um “Grand Theft Auto de Polícia”. A cidade está lá, mas você não tem a liberdade que existe em jogos como Grand Theft Auto e Red Dead Redemption. Fazendo esse tipo de comparação, L.A. Noire estaria mais para um “Mafia II de Polícia”. O jogo procura passar a sensação de liberdade, mas em poucos minutos de gameplay o jogador já percebe que trata-se de um jogo linear e que toda aquela cidade é apenas o cenário de um grande filme jogável. É decepcionante? Inicialmente pode ser um pouco, mas logo o jogador percebe que o foco do jogo é outro e que temos em mãos um jogo verdadeiramente revolucionário, com novas e excelentes propostas.

Enredo
O cenário é Los Angeles, o ano 1947 e você é Cole Phelps um herói da guerra que inicia sua vida pós-guerra na polícia de L.A. Como de costume, a R* criou um protagonista sem esteriótipos. Trata-se de um personagem normal, talentoso, honesto, do tipo que não descansa enquanto as coisas não estão devidamente resolvidas e os culpados devidamente punidos. Exemplo de militar e policial.
A mecânica do jogo é simples: resolva os casos e avance no jogo. Você só pode resolver um caso por vez e acredite, isso é bom! Quando você chegar no final do jogo vai perceber que são tantos nomes que a associação dos personagens começa a ficar prejudicada e a consulta ao “caderninho” é cada vez mais necessária. Esse “caderninho” é selecionado ao apertar o botão back/select e contém todas as informações que você possui sobre o caso, como pistas, pessoas envolvidas e lugares.
São 21 casos ao longo do jogo em 5 cargos diferentes: patrulha, tráfego, homicídios, entorpecentes e incêndios. A mecânica é a mesma em todos os modos. O jogador deverá visitar o local do crime, coletar evidências, interrogar testemunhas, buscar pistas, entrevistar suspeitos, solicitar ajuda ao serviço telefônico… entrevistar suspeitos, interrogar testemunhas, coletar evidências, visitar outros lugares. Parece repetitivo? Realmente é repetitivo na mecânica, mas a história e a particularidade de cada caso o torna interessante e o jogador acaba não percebendo essa ”chatice” e sempre fica aquela vontade de descobrir a verdade e solucionar o caso.
A grande evolução que L.A. Noire buscou proporcionar aos games foi a captura dos movimentos faciais feitas por atores e atrizes. Essa novidade foi imprescindível para o funcionamento do jogo como a R* e a Team Bondi imaginavam no princípio em que o jogador teria que deduzir se o interrogado/entrevistado estaria falando a verdade ou não. O resultado final é controverso! Com certeza nos confrontamos com as mais realistas expressões faciais dos games, mas mesmo com esse grande avanço a leitura da verdade/mentira fica prejudicada, principalmente em função da movimentação dos olhos. Muitas vezes acabamos deduzindo pelo teor da conversa e a expressão fica de lado. Ponto a melhorar no futuro.
Então… já deu pra perceber que L.A. Noire está longe de ser um jogo de ação, certo? Para dar uma sacudida, a produtora optou por incluir 40 pequenos casos (pequenos mesmo, solucionados em menos de 2 minutos cada!) que consistem basicamente em pequenos tiroteios e perseguições a pé e de carro. Essas micro-missões são disparadas a partir do rádio da viatura. Cabe ao jogador atender ou não a ocorrência. É importante informar que essas missões podem ser realizadas com a história principal finalizada, portanto cabe ao jogador atender ou não a ocorrência naquele momento.
E como contar a história de Cole Phelps, se na maior parte do tempo ele está cuidando de crimes cometidos e vitimados por pessoas aleatórias? A R* optou por uma metodologia já batida, os flashbacks. A medida que solucionamos casos, flashbacks da história de Cole, no exército, são apresentados e inicialmente o único momento em que enxergamos o Cole em seu momento pessoal. No restante do jogo só temos contato com o Cole detetive. Paralelamente, temos um collectible que ajuda a aprofundar o enredo. Paramos por aqui para evitar qualquer tipo de spoiler, ok?


Gráficos
L.A. Noire surpreende a começar pelo menu, um dos mais belos dessa geração! Se tivéssemos que definir o trabalho da R* em uma palavra, seria capricho. Los Angeles foi recriada de forma deslumbrante. A cidade é viva e extremamente detalhada em todo seu perímetro. O mapa é gigantesco, ligeiramente menor do que Red Read Redemption porém consideravelmente maior que seu concorrente metropolitano Grand Theft Auto IV.
Os melhores momentos gráficos de L.A. Noire são quando estamos dirigindo ou caminhando pela cidade. O clima é perfeitamente recriado, a iluminação em um dia ensolarado ou o clima noir em uma noite chuvosa realmente surpreendem. Para os amantes de automóveis, o game tem um atrativo. São 95 veículos licenciados, perfeitamente recriados! Ford, Cadillac, GM, Chevrolet e Lincoln são algumas das marcas presentes e ajudam a recriar com fidelidade a atmosfera dos anos 40.
Mas todo esse capricho da R* tem um preço. L.A. Noire é mais um título que escancara a limitação que os consoles da atual geração atingiram. O jogo está longe de rodar liso.Slowdowns são muito frequentes e chegam a atrapalhar em alguns poucos momentos. O game também sofre bastante no carregamento de texturas a longa distância. Aquela sensação do horizonte vazio que vai se preenchendo a medida que nos aproximamos é presente durante todo o jogo.


Jogabilidade
Nesse quesito L.A. Noire não tem muito segredo. A jogabilidade ocupa um papel secundário nesse título mas não compromete, é simples sem nenhuma complicação e no geral responde bem as vontades do jogador. Como o jogo tem pouquíssima ação, em 90% do tempo que controlamos Phelps estamos dirigindo ou caminhando/correndo. Alguns jogadores mais exigentes podem se queixar da física dos veículos que são realmente bem “leves” e fazem curvas impossíveis em alta velocidade, mas nada que prejudique a experiência. Jogadores acostumados com Grand Theft Auto e Red Dead Redemption ficarão confortáveis já nos primeiros minutos.
A ação é tão pouca que o jogador não tem um HUD que mostre a “vida” ou a munição. Quando Phelps sofre danos físicos, a imagem vai ficando preta e branca e basta ficar em cover para recuperá-la, bem no estilo Gears of War. Quanto a munição, não se preocupe, pois ela é infinita. O jogador não tem nenhum controle sobre a utilização do revólver. Você só poderá usar a arma quando o jogo te permitir! Essa situação reforça a sensação de estar “jogando um filme”.
Sons
Aqui o destaque fica por conta das dublagens, sempre muito bem executadas e em perfeito sincronismo com a imagem. São milhares de falas durante o jogo e nas entrevistas/interrogatórios é que percebemos a qualidade e intensidade do trabalho. O humor característico da R* está presente, mas em menor frequência. L.A. Noire é um título mais “sério” e procura passar isso ao jogador à partir dos diálogos. No mais, o som ambiente cumpre seu papel.
A decepção fica por conta da ausência de rádios, tão famosas e características no Grand Theft Auto. Em alguns momentos definidos pelo próprio jogo, é possível escutar uma excelente trilha sonora composta por músicas da época que agradam demais e tem papel fundamental na imersão do jogador. Em outros momentos, trilhas de “tensão” são reproduzidas e chegam a incomodar pela repetição. Uma pena.

Conclusão
Team Bondi e Rockstar Games alcançaram o objetivo inicial! L.A. Noire é um jogo marcante e de certa forma o primeiro jogo de um novo gênero com muito terreno a ser explorado. Ser linear não o torna pior ou melhor do que Grand Theft Auto IV e Red Dead Redemption. L.A. Noire é apenas diferente e novidades na indústria de games (que anda tão repetitiva!) são sempre bem-vindas. Mais uma franquia AAA para curtir, gastar com futuros DLCs e esperar uma sequência.

Análise por: World Community Gamer


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